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Arquiteturas Film Festival

A 8ª edição do Arquiteturas Film Festival acontece de 1 a 6 Junho, no Cinema São Jorge em Lisboa.


Inês Ponte (antropóloga, ICS-ULisboa), faz parte do júri da secção competitiva, conjuntamente com Fernanda Fragateiro (artista), Fernanda Polacow (realizadora), Richard John Seymour (fotógrafo) e Pedro Campos Costa (arquiteto), apreciando 23 filmes, curtas, médias e longas de documentário, ficção, animação e experimental sobre questões contemporâneas relativas ao ambiente construído.


Toda a programação disponível em http://arquiteturasfilmfestival.com/2021


8ª edição | Cinema São Jorge | Bodies Out of Space | Angola


De 1 a 6 de junho, no Cinema São Jorge, em Lisboa, o Arquiteturas Film Festival reafirmou a importância de uma plataforma para a disseminação da cultura arquitetónica. Celebrou também o cinema produzido em Angola, país convidado. Para além do programa de filmes, o tema do festival foi explorado através de exposições e de um ciclo de debates abordando questões culturais, territoriais e sócio-económicas próximas da comunidade angolana e afrodescendente em Lisboa.


Dos filmes exibidos, já são conhecidos os vencedores da secção de Competição do festival, com o acréscimo de duas menções honrosas nas categorias de Melhor Documentário e Melhor Filme Experimental.


Eis os filmes galardoados:

Melhor Documentário

Para Além Dos Meus Passos / Beyond My Steps

Kamy Lara, Paula Agostinho

Angola, 2019, 72’

Deliberação do júri: “Este filme transforma a realidade em poesia e história social, acompanhando uma criação de dança contemporânea em Angola que se envolve com tradições africanas regionais. Numa série de ensaios em estúdio e in-situ, os bailarinos utilizam o tempo e o movimento como ferramentas para o seu corpo se relacionar com o espaço, e exprimir memória e desejo. O filme entrelaça vislumbres impressionantes da vida dos bailarinos em Luanda, as suas opiniões sobre a sua prática, e momentos inesquecíveis de ensaios no estúdio, no deserto ou em edifícios arruinados que, como os bailarinos e as tradições que os inspiram, são de diferentes partes do país. Um retrato multidimensional de um processo criativo que é tanto sobre as pessoas e o corpo como sobre o espaço e o território para a expressão artística.”


Menção Honrosa

The Real Thing

Benoit Felici

France, 2018, 68’

Deliberação do júri: “Qual é a importância de uma arquitetura culturalmente apropriada e de ícones urbanos simbólicos? Uma abordagem a modelos apropriados por todo o mundo, orientada pelo acesso às pessoas que vivem em lugares com uma espécie de aura dupla. Uma narrativa envolvente que navega entre três continentes, África, Ásia, Europa, explorando o que é ‘verdadeiro’ e ‘falso’, e para quem, em torno de edifícios modelados, bairros ou cidades.”


NOVOS TALENTOS

Jungs Von Der Kante / Boys Of The Edge

Alexandra Leibmann

Germany, 2019, 29’

Deliberação do júri: “Num curto espaço de tempo, Boys on the Edge conseguiram apresentar-nos o coração e a alma daquilo que na superfície parece ser um lugar selvagem e indisciplinado, levando-nos de fora para dentro através de uma série de entrevistas sinceras com os “Boys” no seu habitat natural.”


MELHOR FILME EXPERIMENTAL

Cities (Territories & Occupation)

Gusztáv Hámos, Katja Pratschke

Germany, 2019, 30’

Deliberação do júri: “Forte narrativa visual e sonora com uma visão crítica e ponderada sobre como as cidades mudam. Um dos poucos filmes que aborda a gentrificação e o turismo como a nova realidade que controla a maioria das icônicas cidades do nosso mundo global. Imagem, som e texto estão estreitamente entrelaçados em sequências fotográficas animadas lideradas pela forte voz do narrador, e a música dramática, que cumpre o potencial deste ensaio fotográfico oferecer uma reflexão de orientação sobre como o movimento e a mudança permeiam as biografias das cidades.”


Menção Honrosa

Documentation Report (No. 0617 - 0918)

Beatrice Moumdjian

Germany, 2019, 5’

Deliberação do júri: “A vigilância do Estado é um tema muito pertinente e este filme aborda-o enquanto se trata de um acto de auto-expressão. Uma experiência cinematográfica onde o corpo se torna um dispositivo para registar o espaço à sua volta. Imagens e cores atmosféricas, belas e intemporais e a ausência de som contribuem para a magia do filme.”


BEST FICTION

Ar Condicionado / Air Conditioner

Fradique, Jorge Cohen

Angola, 2020, 72’

Deliberação do júri: “Os edifícios históricos no centro de Luanda são a metáfora de um país que tem feito poucos progressos na resolução dos seus problemas internos. Tudo está ainda por fazer. E quanto mais se faz, menos se resolve, uma vez que os problemas são estruturais. Imagens do centro de Luanda com os seus edifícios obsoletos e antigos a serem observados e tratados por homens em uniforme de guerra seriam suficientemente fortes, mas Ar Condicionado faz isso e acrescenta uma música original espantosa que, por um lado, quase o faz levitar, enquanto por outro lado enfatiza ainda mais a angústia. Para quem observa o Ar Condicionado e desconhece as cidades africanas ou especificamente Luanda, pode ser atirado para um cenário pós-apocalíptico. Trata-se do que resta num lugar depois dos homens terem destruído tudo, especialmente a natureza. É um manifesto do que será de nós, humanidade, quando tivermos de usar aparelhos de ar condicionado para lidar com os nossos problemas. Ar condicionado, aqui, como a metáfora de qualquer objecto electrónico que tente mitigar os gigantescos problemas que subsistem quando tudo o resto desaparece. Encontramo-nos num cenário de degradação ambiental e cada um por si.”


Prémio do Público

Acasa, My Home

Radu Ciorniciuc

Romania, 2020, 85’

Deliberação do juri: “Nas últimas duas décadas, a família Enache viveu no Delta de Bucareste, um imenso espaço verde no qual a vida selvagem se tornou um raro ecossistema urbano. Seguindo o ritmo das estações, eles vivem uma vida simples e isolados da sociedade.

Mas a paz logo acabará: não podendo mais escapar dos serviços sociais e pressionados pelo município, são obrigados a se mudar para a cidade e aprender a se conformar às regras da sociedade.”


O júri da 8ª edição foi composto pela antropóloga visual Inês Ponte, a artista plástica Fernanda Fragateiro, a realizadora Fernanda Polacow, o realizador Richard John Seymour e o arquiteto e fundador da Galeria Antecâmara, Pedro Campos Costa.


A exibição destes filmes não se deixará ficar pelo Arquiteturas Film Festival 2021. Prevê-se que passem por várias cidades portuguesas, numa espécie de percurso itinerante.


Para lá da programação cinematográfica, os visitantes do Arquiteturas tiveram a oportunidade de ver a exposição Mukandas da N’Guimbi, dos artistas plásticos angolanos Lino Damião e Nelo Teixeira. Com uma diversidade de técnicas, os trabalhos interpretaram as experiências e vivências dos artistas em bairros informais da sua cidade-natal, Luanda. Adicionalmente, também esteve exposto o trabalho de Afonso Quintã, “Cinema-Estúdio — Boper 1974”, sobre um edifício icónico projetado no Namibe pelo arquiteto José Botelho Pereira. O programa do festival contou também com o ciclo de debates Africa Habitat, no café do cinema, organizado em parceria com a Faculdade de Arquitetura da Universidade de Lisboa.


O Arquiteturas Film Festival 2021 foi concebido pela Do You Mean Architecture e pelo projeto portuense INSTITUTO, numa co-produção celebrada com a EGEAC e o Cinema São Jorge.


Apresentação da 8ª Edição

Seguindo os temas das edições anteriores do Arquiteturas Film Festival, que abordaram questões contemporâneas relativas ao ambiente construído, o festival continua a acolher um fórum aberto para discussão, por meio de histórias audiovisuais pessoais, coletivas e globais vindas de todos os cantos do mundo.

Bodies Out of Space é o tema da 8ª edição do festival, uma excursão sobre a construção social do espaço conectado a um fio que circula dentro de suas próprias narrativas de dominação. Narrativas também sobre identidade que, muitas vezes, é retirada ou forçada a representar o nosso corpo.

Contra algumas suposições atuais, vemos este paradigma percetivo — um epítome da visão de nossos tempos — como fundamentalmente social, espacial e corporal. Nasce, a partir desta reflexão, uma vontade de pensar ativamente sobre a nossa responsabilidade como espetadores, enquanto percorremos este labirinto de desigualdades como descendentes diretos da exploração do espaço e dos corpos.

No Arquiteturas Film Festival, procura-se representar, a cada edição, documentários, ficções, animações e filmes experimentais com relevância para a divulgação da arquitetura portuguesa contemporânea, ao nível nacional e internacional. Um programa composto por Sofia Mourato e Paulo Moreira.

A edição de 2021 continua esse trilho, tendo os olhos postos na cinematografia do seu país convidado, Angola. A curadoria desta parte da programação esteve a cargo de Marta Lança (jornalista e produtora).





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